Sempre que um caso de hanseníase é identificado, não é apenas o paciente que recebe atenção médica: todas as pessoas classificadas como contatos deste paciente também recebem orientação e acompanhamento especializado, num conjunto de ações conhecidas como “vigilância de contatos”.
Considera-se como contato intradomiciliar em hanseníase toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido com um doente, num período de pelo menos cinco anos. A vigilância de contatos tem como objetivo interromper uma possível cadeia de transmissão da doença no espaço mais provável de sua ocorrência: a residência do paciente, local em que passa grande parte de seu tempo, mantendo alto grau de proximidade com as demais pessoas que vivem neste local, seus familiares.
A Vigilância de contatos foi um dos temas da palestra da chefe do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia da FUAM, Valderiza Pedrosa, durante o curso de hanseníase teórico-prático para dermatologistas dos Centros Nacionais de Referências – OPAS/OMS, evento ocorrido entre os dias 12 e 16 de maio.
Segundo Valderiza Pedrosa, especialista em epidemiologia e doutoranda em Medicina Tropical pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), as ações de vigilância são estratégias importantes a serem seguidas para o controle da hanseníase, pois o ambiente domiciliar é considerado de grande importância na cadeia de transmissão da doença.
Como se dá a investigação epidemiológica de contatos
Quando um caso da hanseníase é identificado, inicia-se uma investigação entre os familiares. A vigilância é realizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, por isso a equipe de ESF (Estratégias de Saúde da Família) de cada área da cidade recebe uma listagem de pacientes de hanseníase, com respectivo endereço, para busca ativa e exames dermatológicos. O contato telefônico também é uma ferramenta bastante útil, usado para reforçar a importância do exame de seus contatos.
Na busca ativa, o técnico visita a casa do paciente e conversa com a família sobre a importância de exames periódicos, realiza alguns atendimentos e entrega uma ficha para o “contato”. Com esta ficha, todos são encaminhados à FUAM, onde tem atendimento prioritário.
Durante a visita, além dos exames, os familiares recebem orientações sobre o período de incubação, transmissão, sinais e sintomas da hanseníase e a importância de retornar ao serviço de saúde diante do aparecimento de qualquer lesão cutânea ou de qualquer mudança motora ou de sensibilidade.
Uma atenção especial também é dada aos menores de 15 anos, já que a infecção em pessoas dessa idade indica transmissão recente e ativa da doença.
Outras intervenções na busca de casos de hanseníase
Além das atividades já consideradas de rotina na vigilância de contatos, são diversas as ações realizadas e estratégias criadas pelas equipes de controle da hanseníase e vigilância epidemiológica.
Um exemplo, foi a campanha realizada pelo Ministério da Saúde, em 2013 para identificar casos suspeitos de hanseníase entre crianças e adolescentes de 5 e 14 anos.
A campanha foi realizada em todo país – no Amazonas foi coordenada pela FUAM – e envolveu estudantes de escolas públicas e seus familiares, que foram orientados a informar à escola, via formulário, caso notassem qualquer alteração na pele das crianças. Essa notificação gerada pelos pais e responsáveis possibilitou que essas crianças e adolescentes fossem encaminhados para exames com especialistas, na condição de prioridade, o que deu celeridade ao diagnóstico e tranquilidade aos pais.