O I Simpósio de Infecções Sexualmente Transmissíveis: do Laboratório à Clínica que aconteceu no Auditório Damião Litaiff, na Fundação Alfredo da Matta, na última segunda-feira (26), apresentou os resultados de pesquisas de alunos do curso de Mestrado em Doenças Infecciosas da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O evento foi também uma resposta à sociedade sobre como as pesquisas poderão ter impacto no atendimento médico para estas doenças, na rede pública de saúde.
“O objetivo deste Simpósio foi mostrar resultados dos projetos para implantação de novas técnicas de diagnóstico na rotina da Fundação Alfredo da Matta, como o qPCR para Clamídia”, explicou a pesquisadora da Fuam, Cynthia Ferreira. A sigla qPCR refere-se a “Reação de Polimerase em Cadeia Quantitativa”, técnica utilizada em laboratório de biologia molecular para pesquisas médicas e biológicas que permite tarefas como sequenciamento de genes e diagnósticos mais eficazes.
O Simpósio reuniu, durante todo o dia 26 de novembro, pesquisadores e profissionais da área para discutir o resultado das pesquisas relacionadas a cinco Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST): Clamídia (Chlamydia trachomatis), Gonorreia (Neisseria gonorrhoeae), HPV, Candidíase (Candida ssp) e Úlceras genitais. As pesquisas foram realizadas com recursos provenientes do Programa de Apoio a Núcleos Emergentes de Pesquisa – PRONEM, através do Edital 009/2011 da Fapeam. A Fundação Alfredo da Matta foi o local de realização dos estudos.
“O Simpósio foi também uma resposta para a sociedade sobre essas pesquisas que foram realizadas com dinheiro público; é importante mostrar os resultados dos estudos e como isso poderá impactar no atendimento de saúde pública”, completa Cynthia.
As pesquisas também mostraram a situação epidemiológica de Infecções Sexualmente Transmissíveis, dados importantes para a tomada de decisões sobre o atendimento realizado na instituição e também para a elaboração de políticas públicas de saúde. Por isso, todas as pesquisas serão encaminhadas ao Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST/Aids) e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, para que sejam solicitadas providências.
A abordagem sobre técnicas de diagnósticos – como a qPCR – também foram pontos importantes abordados, pois pôde esclarecer aos pesquisadores e profissionais, técnicas, como por exemplo, de biologia molecular, que darão suporte ao atendimento na rede pública de saúde. São técnicas mais eficazes que permitirão diagnósticos mais precisos e com isso, dar uma resposta ainda mais eficaz ao tratamento dos pacientes.
Dados sobre IST da Fuam – No ano de 2015 foram notificados no serviço de IST da Fuam 5.027 casos. Destes, 2.892 (57,5%) tinham pelo menos uma Síndrome de IST e 2.135 (42%) realizaram apenas o aconselhamento e o teste para HIV, com resultados negativos. Dos casos positivos, 2.083 (72%) eram homens e 809 (28%) eram mulheres.
A média de idade entre os casos positivos notificados foi de 28 anos, entre homens e 27 anos, entre as mulheres. O grupo de maior incidência é o de 20 a 24 anos, com 25,10% dos casos.
Até o mês de julho de 2016 foram notificados 3.370 pacientes. Destes, 1.750 (51,9%) tinham pelo menos uma Síndrome de IST e 1.620 (48,1%) realizaram aconselhamento e teste para HIV, porém tiveram resultado negativo. Dentre os casos positivos, novamente os homens foram a maioria, com 1.254 (71,9%) casos e as mulheres com 490 (28,1%) dos casos.
3.297 casos foram diagnosticados até o mês de julho deste ano, sendo os mais evidentes: Condiloma acuminado (27,9%), Sífilis (21,2%) e outras Uretrites (19,3%).