
O primeiro dia de realização do 2º Seminário Pensando Hanseníase e Doenças Negligenciadas, promovido pela Secretaria de Saúde do Estado do Amazonas (SES-AM), por meio da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham) foi realizado na manhã desta sexta-feira (31/01), no Auditório da Escola Superior de Saúde (ESA) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), localizada no bairro da Cachoeirinha.
A abertura do evento contou com a presença de representantes de instituições parceiras, dentre eles a enfermeira Ana Cristina Nogueira (Núcleo de Hanseníase da Semsa/Manaus), Carolina Cavalcante (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – Fapeam) e Alessandro Melo (Fundação de Vigilância em Saúde – Dra Rosemary Costa Pinto/FVS-RCP).
O diretor presidente da Fuham Carlos Chirano, destacou a importância do evento, como parte do Janeiro Roxo, mês destinado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para chamar a atenção sobre o problema da hanseníase como saúde pública.
“A hanseníase tem que ser pensada de janeiro a janeiro, as pessoas pensam que o problema da hanseníase está resolvido no mundo, não está; o Brasil, a Indonésia e a Índia são responsáveis por 80% dos diagnósticos de hanseníase no mundo, então ainda temos muita coisa a fazer”, destaca.
Segundo o diretor presidente da Fuham o diferencial deste evento é reunir profissionais e pesquisadores que atuam na área, com uma gama de informações que vão desde o diagnóstico ao tratamento e pesquisas importantes sobre a hanseníase, convergindo em importantes trocas de conhecimento e experiências.
“Nossa expectativa é compartilhar com a área técnica, sobre o que está acontecendo em nível nacional e internacional sobre os avanços na área da hanseníase, seja no diagnóstico, seja na terapêutica, seja na questão epidemiológica, e fazermos uma grande atualização das ações que estão sendo feitas no mundo”, conclui.
Temas abordados
O programa Dermato Saúde da Fuham, que leva ações de combate à hanseníase aos municípios do interior do Amazonas foi o tema de abertura do Seminário. Como palestrante, Carlos Chirano destacou a importância desta ação do Governo do Estado do Amazonas, que já visitou 25 municípios amazonenses, realizando 23 mil exames dermatológicos.
De acordo com Chirano, já foram 125 casos de hanseníase diagnosticados nas mais de 9 mil consultas dermatológicas realizadas nos municípios visitados; resultando no diagnóstico de 425 casos de câncer de pele e na realização de 352 cirurgias dermatológicas.
Cenário da hanseníase
O cenário epidemiológico da hanseníase no Brasil e a atuação do Ministério da Saúde em hanseníase foram os destaque da apresentação do coordenador geral de vigilância da hanseníase e de doenças em eliminação do Ministério da Saúde, Ciro Gomes, que também enfatizou a importância da parceria com instituições como a Fuham.
“Hoje discutimos políticas públicas, do combate à hanseníase, ciências do tratamento e ciências do diagnóstico; então saímos daqui fortalecidos nessa parceria e com certeza, vamos a partir do mês de fevereiro, iniciar as nossas capacitações em diagnóstico no Estado do Amazonas”.
Concluindo as análises de cenário epidemiológico, a coordenadora do Programa de Hanseníase da Fuham, Valderiza Pedrosa, fez uma exposição sobre a situação da hanseníase e outras doenças cutâneas negligenciadas no Amazonas.
Em sua fala, Valderiza também destacou a atuação da Fuham, em ações do Demato Saúde Amazonas, como um trabalho que tem uma abordagem integrada, atentando não apenas para a hanseníase, mas também outras doenças presentes na população, as chamadas Doenças Negligenciadas, em especial as relacionadas à pele.
“Essa é inclusive uma proposição da OMS, onde a gente trabalha a hanseníase e outras doenças de pele negligenciadas, já que nós temos muitas doenças de pele negligenciadas, como por exemplo, o câncer que apesar de não estar originalmente na lista, é extremamente negligenciado no Estado do Amazonas. Então, a gente inclui ele na lista; pois são doenças importantes que a gente tá levando atendimento pra nossa população”, explica.
Debates incluíram esquemas medicamentosos
Esquemas medicamentosos também tiveram espaço no primeiro dia de evento. O convidado internacional Dr Joel Almeida (Londres/Mumbai) falou sobre a quimioprofilaxia da hanseníase, com reflexões – e apresentação de dados importantes – sobre porque não recomendá-la.
O médico e pesquisador da Fuham, Sinésio Talhari também falou sobre medicamentos para a hanseníase, fazendo um verdadeiro resgate histórico sobre estudos a respeito da resistência medicamentosa na hanseníase.
Já Marcelo Mira (PUC/PR) fechou o primeiro dia de evento falando sobre sorologia para o diagnóstico da hanseníase, especialmente o que há de novo nesta área.
Segundo dia
No sábado (01/02) as discussões continuam com debates sobre doenças negligenciadas (Leishmaniose e esporotricose), além de esquemas medicamentosos na hanseníase, incluindo perspectivas de novo tratamento, com apresentação de resultados preliminares de pesquisa sobre a associação de Bedaquilina, Clofazimina e Rifampicina (medicamentos já conhecidos).
Fechando o Seminário, Heitor de Sá Gonçalves, representando a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) falará sobre o destaque que a hanseníase possui dentre as ações e atividades da Sociedade, enfatizando que somente com a união de esforços de diversas frentes de trabalho, a hanseníase pode ser combatida eficazmente.