A Fundação Alfredo da Matta e a Universidade Miguel Hernandez de Valência / Espanha treinaram a quarta turma de profissionais para utilização do aparelho Eletroneuromiógrafo, utilizado no processo de tratamento de pacientes hansenianos e comunicantes.

A coordenação dos treinamentos está sob a responsabilidade do Dr. Mariano Perez Arroyo, médico neurologista da referida Universidade. A Fundação Alfredo da Matta é pioneira no Brasil, na utilização do aparelho e sua compra foi uma iniciativa da Congregação das Irmãs Franciscanas de Maria, que assiste pacientes hansenianos desde a década de cinquenta e sempre contribuiu para novos procedimentos que possam ajudar os pacientes portadores de hanseníase na cura da doença. A compra foi feita com a ajuda da Espanha.

A Hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, causada pelo Mycobacterium leprae, que afeta principalmente pele e nervos periféricos. A pele perde a sensibilidade nessas zonas, principalmente pernas e braços. A perda de sensibilidade facilita lesões que evoluem com infecção secundária, agravando a situação do doente, que pode acarretar importantes danos neurológicos.

O eletromiógrafo tem a capacidade de medir a lesão nervosa dos pacientes e seus contatos e permite que estes sejam acompanhados antes mesmo do aparecimento de manchas na pele (um dos primeiros sintomas da hanseníase).

Após os primeiros treinamentos, o aparelho já está sendo utilizado no projeto “Diagnóstico precoce do dano neural na Hanseníase por meio de métodos neurográficos em pacientes e contatos intradomiciliares” de autoria da Dra. Maria da Graça Cunha, médica dermatologista da Fundação, com o auxílio do médico Pedro Aurélio Cunha, do fisioterapeuta Marcus Vinícius, da Enfª Maria Anete Morais e do neurologista Mariano Arroyo.

Nesta primeira fase de treinamento, o estudo determinou as velocidades de condução de nervos sensoriais e motores com técnica não invasiva. Foram examinados 70 pacientes com diagnóstico clínico de Hanseníase que já estão em tratamento polioquimioterápico e 52 contatos domiciliares. Os resultados revelaram que: 46 dos 70 pacientes têm comprometimento do nervo ulnar, 41 possuem comprometimento do nervo radial e 40 estão com o nervo mediano comprometido.

Entre os contatos avaliados (pessoas que convivem diariamente e diretamente com doentes hansenianos) o resultado foi: 12 dos 52 apresentaram prejuízo na condução nervosa do nervo ulnar e 08 dos 52 possuem alteração de nervos mediano e radial. Entre os contatos examinados dois casos chamaram a atenção: uma pessoa com menos de 15 anos, do sexo feminino, já apresentou prejuízo na condução nervosa. O outro paciente que chamou atenção foi uma senhora de 65 anos com diagnóstico de Hanseníase neural pura.