Na foto: pacientes, coordenadores do Grupo e convidados.
O Grupo de Autocuidado em Hanseníase da Fundação Alfredo da Matta comemora neste mês de julho, dois anos de atividades.
Criado em 2010, o Grupo reúne mensalmente pacientes de Hanseníase, profissionais da FUAM e palestrantes convidados para discutir ações de autocuidado e temas relacionados à saúde dos pacientes.
Na reunião do mês de aniversário do Grupo, realizada no último dia 27 de julho, na Sala de Educação, sede da FUAM, o tema escolhido pelos pacientes foi “Orientações sobre calçados”, palestra realizada pelo ortopedista da Policlínica Antônio Aleixo, Francisco Mateus.
Também estiveram presentes nas comemorações, o Diretor da Policlínica Antônio Aleixo, José César de Carvalho, o Diretor Presidente da FUAM Carlos Chirano e a enfermeira Irmã Maria Ângela Torrencilla – uma das precursoras na luta contra a Hanseníase no Estado.
Para o Diretor Presidente do Alfredo da Matta, Carlos Chirano, o grupo é muito importante para os pacientes pelas orientações e apoio prestados, mas ressaltou o papel de cada um no sucesso de seu tratamento e saúde: “Participem do Grupo, façam o acompanhamento constante em nosso ambulatório, sigam as orientações como as que foram dadas pelo Dr Mateus e observem-se, pratiquem o autocuidado”, ressaltou Chirano.
Irmã Ângela lembrou um pouco da história do combate à Hanseníase no Estado, destacou os avanços no tratamento da doença e lembrou um dado importante: “Antes, na época das Colônias, 90% dos pacientes que chegavam até nós já tinham alguma seqüela. Hoje, só 5% dos pacientes que nos procuram tem alguma deformidade!”, afirmou a enfermeira, referindo-se aos avanços das ações de combate à doença, diagnóstico precoce e eficácia do tratamento.
Para o Diretor da Policlínica Antônio Aleixo, José César Carvalho, os benefícios que um grupo de apoio gera aos pacientes são visíveis e citou a experiência do Grupo de Autocuidado em Hanseníase da Policlínica como exemplo: “As pessoas tem mais acesso à Unidade de Saúde, se sentem mais à vontade! Acabam-se as barreiras entre pacientes e profissionais e essa proximidade ajuda muito no tratamento”, destacou César.
Como funciona o Grupo de Autocuidado em Hanseníase na FUAM
O Grupo reúne-se mensalmente, sempre na última sexta-feira do mês. Cada reunião tem como tema um assunto escolhido pelos próprios pacientes e que estejam relacionados ao autocuidado e à diminuição de riscos para a integridade física do paciente.
Durante as reuniões, os participantes recebem orientações, participam de palestras educativas, dinâmicas que estimulem o autoconhecimento e o desenvolvimento da autoestima, que pode ficar abalada devido ao preconceito que ainda existe em relação à doença.
Nas orientações sobre autocuidado, o paciente aprende de forma simples a cuidar de pés, mãos e face, áreas fragilizadas pela doença.
Todos os pacientes são convidados e podem participar do Grupo, que recebe, em média, de 15 a 20 pacientes por reunião.
A equipe que coordena o Grupo é formada pelos servidores: Anete Queiroz, Marcus Vinícius, Alexandra Costa, Delmara Machado e Karin Lopes e Ione Freire. Rita Pereira é a representante dos pacientes.
A importância do autocuidado em Hanseníase
O paciente de hanseníase pode apresentar insensibilidade em áreas como pés, mãos e face, o que representa um perigo, pois podem machucar as áreas, não sentir ou perceber um ferimento e com isso comprometer as regiões afetadas.
Pequenos acidentes para um paciente de hanseníase podem gerar conseqüências graves, por isso o autocuidado procura sensibilizar o paciente da importância de observar o seu corpo e atentar, por exemplo, se o calçado não está ferindo seus pés.
A palestra com orientações sobre calçados realizada pelo ortopedista Francisco Mateus, no último dia 27 de julho, é um exemplo de como temas aparentemente simples tem grande impacto na saúde do paciente de hanseníase.
Segundo o ortopedista, é importante que o paciente sempre observe os pés: se houver marcas deixadas pelo calçado ou áreas avermelhadas, por exemplo, já há um indício que o calçado está causando algum machucado. Como o paciente não possui sensibilidade, um simples machucado pode evoluir para uma deformidade maior.
“O calçado vai ser um dos responsáveis pela saúde dos pés do paciente”, alertou o médico. “As palmilhas devem ser trocadas a cada três meses e o calçado deve ser adaptado para cada caso”, conclui Francisco Mateus.