Responsável pela execução das ações de combate e controle da Hanseníase em todo Amazonas, a Fundação Alfredo da Matta (Fuam) tem enfrentado vários desafios para dar continuidade a estas atividades nos municípios do interior do Estado.
As restrições impostas pela pandemia da Covid-19 ocasionaram a suspensão de ações de combate à Hanseníase que dependem do deslocamento de profissionais até a sede dos municípios, como a busca ativa de casos nas comunidades, a supervisão da vigilância epidemiológica realizada em parceria com as secretarias municipais de saúde e a identificação de novos casos da doença em mutirões dermatológicos nas sedes dos municípios.
Mas se por um lado a pandemia ainda gera preocupação, é consenso de que as atividades de saúde não podem parar, por isso, a Fuam iniciou seu planejamento para uma retomada segura das ações de combate à Hanseníase, de forma presencial.
Segundo o chefe do Departamento de Epidemiologia e Controle de Doenças (DCDE) da Fuam, enfermeiro José Yranir do Nascimento, para que se possa retomar as ações é necessário que a situação da pandemia de Covid-19 permita atendimentos presenciais de forma segura. “Tudo depende da melhoria da situação da Covid-19 no Estado, que o transporte intermunicipal seja retomado e tenhamos condições seguras de ir até às comunidades”, explica.
Com condições epidemiológicas da Covid-19 favoráveis, servidores vacinados e população atenta aos cuidados para prevenção ao novo coronavírus, a ideia é retomar o projeto Apeli – Ação para Eliminação da Hanseníase – que visa intensificar o combate para reduzir o número de pessoas acometidas pela doença.
O Apeli tem como estratégias, a detecção precoce e o tratamento imediato de novos casos de Hanseníase; a investigação de contatos (aqueles que convivem com um paciente diagnosticado); reforço ao sistema de vigilância epidemiológica; além de realização de campanhas educativas, sensibilização e treinamento de profissionais de saúde, incluindo treinamento de equipes locais para manutenção das atividades por profissionais dos próprios municípios.
Neste período de suspensão das atividades presenciais, o acompanhamento tem sido à distância; treinamentos em 2020, por exemplo, foram realizados de forma remota, via internet; já a busca ativa de casos diminuiu, refletindo nos números da doença. Se em 2019 foram identificados 403 casos de Hanseníase em todo Amazonas, em 2020 foram 220; uma redução importante, que precisa ser avaliada.
Retomada do Apeli deve iniciar pelo Careiro Castanho – Pensando na retomada do projeto Apeli, equipe da Fundação Alfredo da Matta esteve na última
semana, no município do Careiro Castanho, localizado a 124 quilômetros de distância de Manaus, na Região Metropolitana.
“Estive no município do Careiro Castanho com nossa equipe para reunião com o prefeito e secretário de saúde para expor o Projeto Apeli e delinearmos tratativas para realização de uma ação no município daqui a alguns meses”, explica o diretor-presidente da Fuam, Ronaldo Amazonas.
A proposta, segundo o diretor-presidente, é levar equipe de profissionais em ação que deve durar em torno de três semanas, para realização de exames dermatológicos na população da sede do município, de comunidades próximas e em comunicantes (contatos de pessoas em tratamento da Hanseníase).
Segundo José Yranir do Nascimento, com a primeira reunião no Careiro Castanho já foram delineadas algumas ações como a reativação de um setor na secretaria municipal de saúde para tratar dos casos de Hanseníase, no qual o município manterá uma estrutura mínima para o trabalho de dois técnicos treinados pela Fuam, os quais desenvolverão ações como exames de triagem, busca ativa nas comunidades, atualização de dados epidemiológicos, dentre outras.
“Nossa perspectiva é levar o Projeto Apeli, com sua gama de ações para o Careiro, ainda no primeiro semestre deste ano, tudo depende da situação da pandemia no Estado; estando em níveis aceitáveis, estaremos no município provavelmente no mês de maio”, explica o enfermeiro José Yranir.
Além do diretor-presidente da Fuam, Ronaldo Amazonas e do chefe do DCDE/Fuam José Yranir, a diretora de ensino e pesquisa da instituição Valderiza Pedrosa integrou a equipe que esteve no Careiro Castanho.
Apeli – Mesmo contando com apoio das secretarias municipais, a visita a cada localidade sempre fez parte de uma rotina importante, como parte da execução do Programa Estadual de Hanseníase e, mais recentemente, do Projeto Apeli, lançado em 2019.
Basicamente, as viagens para supervisão viabilizam uma aproximação das equipes de profissionais do Centro de Referência em Hanseníase com as equipes locais.
O intuito é intensificar e otimizar o combate à doença no município supervisionado. A troca de experiência e conhecimento permite deixar no município, um legado para a população, pois com a organização das ações de combate à Hanseníase e o treinamento de profissionais de saúde locais criam-se condições para que o próprio município conduza tais ações, mesmo após a saída das equipes da Fuam, cabendo ao Centro de Referência visitas periódicas para supervisão e orientação.