Foto: Divulgação

Um grupo de profissionais da Fundação Alfredo da Matta são os responsáveis pelo “Treinamento de Multiplicadores para Implantação de Teste Rápido para HIV, Sífilis e Hepatite B e C, em Áreas Indígenas no Brasil”, que acontece esta semana, de 25 a 30 de julho, em Brasília. O evento é promovido pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde e conta com a participação de 70 profissionais de todas as regiões do país, envolvidos na atenção à saúde indígena.

O treinamento tem como objetivo capacitar os profissionais que atuam em 34 DSEI – Distritos Sanitários Especiais Indígenas – espalhados pelo Brasil, para a realização de testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites nas próprias aldeias, experiência que a equipe da FUAM consolidou durante a execução do projeto “Acesso progressivo à qualidade: diagnóstico seguro de sífilis e HIV em localidades remotas da Amazônia”, realizado pelo Ministério da Saúde, Governo do Estado do Amazonas, através da Fundação Alfredo da Matta e Organização Mundial de Saúde (OMS).

Durante uma semana, a equipe formada por sete profissionais do Amazonas – dentre eles servidores da FUAM e Fiocruz/AM – irão compartilhar com os participantes toda a experiência de implantação de testes rápidos de sífilis e HIV nos nove DSEI da região dos Estados do Amazonas e Roraima, projeto de sucesso que a FUAM coordenou entre 2008 e 2011.

Os profissionais participam também de aulas expositivas e aulas práticas detalhadas sobre a metodologia e execução dos testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatites B e C; além de discutirem temas importantes como aconselhamento aos pacientes, biossegurança e controle de qualidade dos testes. Para fechar a programação serão realizadas uma oficina com a temática “Prevenção”, na qual os participantes serão estimulados a explorar diversas formas de abordagem de prevenção coletivas e individuais às doenças; além de um momento para que os representantes dos DSEI façam um mapeamento de estratégias e possibilidades de rotinas para implantação dos testes rápidos nos diferentes Distritos.

Testes Rápidos

O uso de Testes Rápidos em localidades de difícil acesso – como as aldeias indígenas– representa uma alternativa eficaz para dar acesso a essa população ao diagnóstico e tratamento das doenças testadas.

Se antes os pacientes precisavam se deslocar até os centros urbanos para exames laboratoriais e aguardar dias para ter um resultado, com os Testes Rápidos, são necessárias apenas algumas gotas de sangue do paciente, sem necessidade de sair da aldeia. O resultado é obtido em até 30 minutos. “Esse trabalho é uma prioridade para a saúde indígena, pois leva o atendimento à saúde em sua integralidade aos povos. Porém é fundamental lembrar que todo trabalho deve ser realizado respeitando as especificidades de cada cultura”, destaca o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves de Souza.

A experiência da FUAM com Testes Rápidos

A Fundação Alfredo da Matta consolidou-se como referência na aplicação e execução da metodologia de testes rápidos com o Projeto “Acesso progressivo à qualidade: diagnóstico seguro de sífilis e HIV em localidades remotas da Amazônia”, iniciado em 2008 e que realizou em três anos Testes Rápidos para sífilis e HIV em populações indígenas, nos Estados do Amazonas e Roraima. No total, os testes foram aplicados numa população de 45 mil indígenas em idade sexualmente ativa.

Para viabilizar as ações, 509 profissionais de saúde da FUNASA (hoje, SESAI), espalhados por nove DSEI foram treinados por equipes da FUAM para execução dos testes rápidos, um tipo de exame que permite a detecção da sífilis e do HIV em poucos minutos com a vantagem de dispensar a estrutura de um laboratório fechado.

Com os profissionais devidamente treinados, equipes dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Alto Solimões (sede em Tabatinga), Alto Rio Negro (sede em São Gabriel da Cachoeira), Manaus, Parintins, Purus (sede em Lábrea), Médio Solimões (sede em Tefé), Vale do Javari (sede em Atalaia do Norte), Leste Roraima e Yanomami (ambos com sede em Boa Vista, Roraima), aplicaram os testes e executaram um projeto inédito no Brasil que revelou, por exemplo, que a prevalência de sífilis na população indígena testada foi de 1,43%, um índice considerado elevado para uma população que vive em área de difícil acesso, já a prevalência de HIV foi de 0,1% na população testada.

O projeto evidenciou e documentou aprendizagens sobre a viabilidade e custos da implementação do uso de testes rápidos como ferramenta de rastreamento em população de difícil acesso. O sucesso da experiência foi fundamental para que a metodologia de testes rápidos fosse considerada viável e integrasse a política nacional de saúde indígena.

A equipe que está em Brasília é composta pelos seguintes profissionais:

Dra Adele Benzaken – FUAM / Fiocruz/AM

Enf. Ana Cláudia Camillo / FUAM

Enf. Glaudomira Rodrigues / FUAM

Psic. Luena Xerez / FUAM

Antropóloga Suelly Sampaio / Fiocruz/AM

Farm-Bioq. Goretti Bandeira / FUAM

Farm-Bioq. Ione Pinto / FUAM