20210531_090052Alunos do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) assistiram na manhã desta segunda-feira (31) a uma aula on line ministrada pela enfermeira da Fundação Alfredo da Matta (Fuam), professora doutora Jackeline Sachett.

Com o tema “Assistência de Enfermagem em Hanseníase” a aula foi um convite da coordenação da Escola de Enfermagem de Manaus/Ufam, para apresentar aos graduandos alguns conceito sobre a doença, a importância e o papel do profissional de enfermagem no atendimento já na assistência primária, as bases do acompanhamento de casos e como o atendimento de enfermagem em Hanseníase é realizado na Fuam.

Dentre as bases do acompanhamento de casos da doença, a professora detalhou como se dá o diagnóstico e o tratamento da Hanseníase e a avaliação e o monitoramento da função neural dos pacientes, aspecto importante para avaliar possíveis sequelas, já que a Hanseníase afeta os nervos do doente, podendo causar alterações na sensibilidade e força muscular. As reações hansênicas; prevenção, reabilitação e autocuidado para pacientes evitarem deformidades; vigilância dos contatos e a organização do serviço de atendimento também foram abordados.

Sobre a Hanseníase – A Hanseníase é uma doença infecciosa transmitida por um bacilo (Mycobacterium leprae), de uma pessoa sem tratamento para outra, através das vias respiratórias e quando estas mantêm contato direto e frequente. A maioria da população adulta é resistente à Hanseníase e vale ressaltar que a partir do momento que uma pessoa diagnosticada inicia o tratamento com medicamentos, ela não mais transmite a doença.

Os principais sinais iniciais da hanseníase são manchas na pele, perda variável da sensibilidade ao calor, frio, à dor e ao tato. As manchas possuem cor esbranquiçada, avermelhada ou acastanhada, muitas vezes pouco perceptíveis. É comum ainda ocorrer diminuição da transpiração e queda de pelos no local.

A doença tem cura e o tratamento é gratuito, podendo durar seis meses ou um ano, dependendo da forma que acomete o paciente, por isso, quanto mais cedo acontece o diagnóstico e se inicia o tratamento, melhor será sua resposta, evitando possíveis sequelas e quebrando a cadeia de transmissão.

Aulas on line – Com o desafio de manter as atividades de ensino e pesquisa em meio às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, a Fuam tem utilizado como alternativa as atividades on line.

Em 2020, por exemplo, foram realizadas 20 atividades, dentre cursos, treinamentos e aulas por videoconferência, com 329 participantes.

As atividades foram voltadas para profissionais de nível superior e médio, como médicos, enfermeiros, técnicos, além de alunos do mestrado em Ciências Aplicadas à Dermatologia, curso em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Os temas envolveram desde a Hanseníase, dermatologia tropical, Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), oncologia cutânea, psoríase, micologia, dentre outros.

Para os profissionais de saúde de municípios do interior, nos momentos em que houve restrição de deslocamento entre os municípios, foram elaborados treinamentos via EAD (Educação à Distância). No total, 27 profissionais de cinco municípios – Benjamin Constant, Coari, Eirunepé, Manacapuru e Tabatinga – participaram dos treinamentos e a expectativa para 2021 é ampliar o alcance dessas atividades, envolvendo mais profissionais.

Além dos cursos e treinamentos, também ocorreram outras programações via plataforma EAD, web conferência, reuniões virtuais e o SIG Hanseníase (Special Interest Group), grupo de estudo em Hanseníase da Rede Universitária de Telemedicina (RUTE), da qual a Fuam faz parte.

Casos de hanseníase – O Amazonas registrou em 2019, 403 casos de hanseníase, sendo 125 em Manaus e 278 nos municípios amazonenses. Em 2020, em função da pandemia, as atividades de busca de novos casos foram comprometidas pela interrupção de ações como mutirões que normalmente são realizados e a redução de visitas de equipes da Fuam aos municípios.

Diante de todo este cenário, foram notificados apenas 220 casos da doença em 2020, em todo Estado; sendo 68 em Manaus e 152 nos municípios do interior.

Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, o tratamento de pacientes foi mantido, com o trabalho já realizado em parceria com as secretarias municipais. O atendimento aos pacientes foi garantido nas unidades de saúde, na própria Fuam – para casos com algum agravamento, recidivas ou reações medicamentosas, por exemplo – e com as visitas domiciliares, estratégia adotada em parceria com as secretarias municipais de saúde.

As visitas domiciliares foram realizadas para a busca de pacientes faltosos que deixaram de comparecer às consultas, por ser do grupo de risco, por receio da pandemia, por não poder se deslocar até Manaus, por exemplo.

A dispensação de medicamentos também foi mantida e no caso daqueles que receberam equipes da secretaria municipal e/ou da Fuam, a entrega de medicamentos foi realizada para que ninguém interrompesse seu tratamento.

Retomada gradual – O início de 2021 também foi marcado por restrições causadas pela pandemia, mas com um cenário mais estável, com profissionais vacinados e vacinação de grupos da população também avançando, a expectativa é recuperar a demanda reprimida, com a retomada de visitas a municípios do interior neste segundo semestre.