A hanseníase será o tema principal das propostas de ações, pesquisas e projetos da Pesquisadora Visitante Sênior (PVS) da Fuam, Maria Leyde Wand Del Rey, médica doutora em Dermatologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que atua como PVS na instituição desde 2012.
Todas as ações já em execução e as propostas para 2015 estão ligadas ao tema hanseníase. A médica apresentou suas propostas e atividades já realizadas, no último dia 24 de fevereiro, em reunião com a Diretoria da Fuam.
Maria Leyde é professora na UFRJ, membro do Comitê Assessor do Global Leprosy Program e possui grande experiência em saúde pública, com ênfase em dermatologia e dermatoses de repercussão coletiva, especialmente a hanseníase. E toda sua experiência nesta área já gerou bons frutos para a Fuam, já que a pesquisadora é parceira da instituição mesmo antes de atuar como PVS, em 2012.
“De 2012 a 2014 tivemos como proposta implantar atividades de assistência, educação permanente e pesquisa da Fuam em ambientes virtuais e uma das principais frentes de ação foi a implantação do projeto Telessaúde, que por sua vez demandou uma série de outras ações”, explica Maria Leyde.
Para o período de 2014-2015, a terceira etapa do projeto iniciado em 2012, a pesquisadora afirma que está prevista a qualificação das atividades em ambientes virtuais já implantadas, além da execução de outras demandas identificadas, como pesquisas científicas (incluindo co-orientação de teses e projetos de iniciação científica); produção de materiais didáticos para ensino à distância (e-learning); participação em treinamentos e eventos científicos diversos; além de trabalhos técnicos como elaboração de instrumentos de avaliação das atividades de educação à distância.
“Com os instrumentos de avaliação da educação à distância, poderemos melhorar o material didático já utilizado e propor novos recursos tecnológicos para os cursos; além de identificar vantagens e pontos de melhoria desta atividade”, ressalta Maria Leyde.
Hanseníase: projetos científicos e prática
Dentre as orientações de teses, um dos destaques é o projeto de mestrado do médico Luiz Cláudio Dias, sobre a implantação da telessaúde em municípios do interior do Amazonas; ferramenta que na Fuam tem como um de seus objetivos, auxiliar no combate à hanseníase em localidades de difícil acesso, no interior do Amazonas.
“Com a pesquisa do profissional pudemos também produzir trabalhos científicos sobre o tema que foram inscritos em eventos nacionais; o que foi muito positivo para a Fuam, pois recebemos dois prêmios nacionais, um reconhecimento importante para a instituição”, afirma Maria Leyde. O projeto segue com a proposta de implantação da telessaúde em outros municípios do Amazonas, o que no futuro poderá gerar novos trabalhos científicos.
Dentre as linhas de pesquisas, uma que já está em execução é na área de recidiva em hanseníase. “A proposta é montar um banco de dados com pacientes em recidiva de hanseníase: quem são, porque voltaram a apresentar a doença e qual o impacto que isso representa para a instituição são algumas das informações que teremos”, afirma.
Segundo Maria Leyde, de modo geral, 30% dos pacientes de hanseníase tem recidiva (recaída, volta da doença) e é muito importante uma instituição como a Fuam ter o perfil clínico e epidemiológico de seus pacientes atendidos pós-tratamento com a poliquimioterapia e que apresentam a volta da doença.
Outra proposta de trabalho de destaque é o treinamento para indígenas sobre hanseníase e outras doenças negligenciadas, projeto que tem apoio do Ministério da Saúde. “Com este trabalho, municípios que não tinham notificação de casos novos de hanseníase passaram a fazê-lo, pois incluíram em seus registros epidemiológicos os casos em áreas indígenas do Amazonas antes não identificados”, afirma a pesquisadora.
E para compartilhar saberes com a população, Maria Leyde revela um projeto que ainda está em fase de elaboração: o uso do rádio como instrumento para aproximar o tema hanseníase (e outras doenças de pele prevalentes no Amazonas) à população, programando uma série de apresentações e entrevistas sobre as doenças com diferentes enfoques.
Projetos e pesquisas já aprovados para congresso internacional
Todas as pesquisas desenvolvidas podem e devem gerar trabalhos para compartilhar saberes com a comunidade científica. Este ano, pelo menos dois trabalhos em que a PVS Maria Leyde está envolvida já foram aceitos no 23º Congresso Mundial de Dermatologia que acontecerá em junho no Canadá.
O primeiro é sobre a situação de casos de recidiva em hanseníase no Estado do Amazonas no período de 1996 a 2013; já o segundo é sobre o uso da Telessaúde em comunidades distantes e populações indígenas na Amazônia. Os trabalhos foram aceitos para apresentação oral no Congresso.