Finalizando um projeto iniciado há três anos, a Fundação Alfredo da Matta realiza nos próximos dias 24 e 25 de maio o “Encontro dos participantes do projeto de uso dos Testes Rápidos em área indígena”, no Amazônia Golf Resort, localizado na Rodovia AM 010, km 64. O objetivo do evento é disseminar os resultados do Projeto denominado “Acesso progressivo à qualidade: diagnóstico seguro de sífilis e HIV em localidades remotas da Amazônia”, desenvolvido pelo Governo do Estado do Amazonas, através da Fundação Alfredo da Matta, com a parceria da Organização Mundial de Saúde (OMS), Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Universidade de Higiene e Medicina Tropical de Londres e da Funasa – Fundação Nacional de Saúde, hoje, Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI). O projeto contou, ainda, com o apoio financeiro da Fundação Bill e Melinda Gates.
Durante os dois dias de encontro, representantes das instituições executoras irão compartilhar as experiências e os resultados obtidos pelo projeto para propor ações para a implementação da testagem rápida na política nacional de saúde indígena.
Sobre o Projeto
Iniciado em 2008, o Projeto “Acesso progressivo à qualidade: diagnóstico seguro de sífilis e HIV em localidades remotas da Amazônia” realizou Testes Rápidos para sífilis e HIV em populações indígenas, de difícil acesso nos Estados do Amazonas e Roraima. No total, os testes foram aplicados numa população de 39 mil indígenas em idade sexualmente ativa.
Para viabilizar as ações, 509 profissionais de saúde da FUNASA (hoje, SESAI), espalhados por nove DSEI – Distritos Sanitários Especiais Indígenas – foram treinados por uma equipe da Fundação Alfredo da Matta para execução dos testes rápidos, um tipo de exame que permite a detecção da sífilis e do HIV em apenas 15 minutos com a vantagem de dispensar a estrutura de um laboratório fechado.
Com os profissionais devidamente treinados, equipe de especialistas da Fundação Alfredo da Matta – instituição que é referência em DST/Aids – visitou os Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Alto Solimões (sede em Tabatinga), Alto Rio Negro (sede em São Gabriel da Cachoeira), Manaus, Parintins, Purus (sede em Lábrea), Médio Solimões (sede em Tefé), Vale do Javari (sede em Atalaia do Norte), Leste Roraima e Yanomami (ambos com sede em Boa Vista, Roraima). No Brasil, normalmente cada Estado possui um DSEI, mas no Amazonas, devido sua extensão territorial e da presença indígena em diversas localidades, existem sete Distritos.
O projeto evidenciou e documentou aprendizagens sobre a viabilidade e custos da implementação do uso de testes rápidos como ferramenta de rastreamento em população de difícil acesso. Assim, a curto prazo, o projeto obteve os seguintes resultados:
1) Estabelecimento da primeira linha base de dados sobre prevalência de HIV e sífilis em populações indígenas nos estados do Amazonas e Roraima;
2) Maior visibilidade pública e atenção política ao problema da sífilis e HIV entre populações indígenas e demonstração de como combater o problema, o que já rendeu como fruto a decisão do Ministério da Saúde em expandir o acesso a testes rápidos para sífilis e HIV durante o pré-natal para todos os Distritos de Saúde Indígena do Brasil;
3) Empoderamento dos profissionais de saúde instrumentalizados com ferramentas adequadas para diagnosticar e tratar sífilis e HIV nesta população;
4) Introdução inédita de uma metodologia de controle de qualidade para testes rápidos.
Os resultados esperados a longo prazo incluem redução da mortalidade infantil e menores taxas de prevalência de sífilis na população indígena. Esses impactos e efeitos antecipados servem para subsidiar políticos e membros da sociedade em tomadas de decisões sobre estratégias de expansão do uso de testes rápidos e em determinar situações na saúde pública onde testes rápidos poderão ser ferramentas viáveis: tais ações serão propostas pelos participantes ao final deste evento.
Além de representantes da Secretaria de Estado da Saúde; dos nove DSEI envolvidos no projeto; representantes da Sociedade Brasileira de DST; pesquisadores, profissionais e diretores da Fundação Alfredo da Matta, como o Diretor-Presidente Carlos Chirano; nomes como Antônio Alves de Souza, Secretário da SESAI; Andressa Bolzan e Dênis Ribeiro, do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde já estão confirmados. A idealizadora do projeto, a ex-diretora da Fundação Alfredo da Matta, Adele Benzaken (diretora da FUAM quando o projeto foi iniciado) será uma das facilitadoras, apresentando a proposta do projeto aos participantes do evento.
