
Dia 29 de outubro é o Dia Mundial da Psoríase, uma doença dermatológica crônica e não contagiosa, que não tem cura, mas possui tratamento capaz de dar qualidade de vida aos pacientes e o melhor, totalmente disponível pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a doença atinge 3% da população mundial, o que significa cerca de 125 milhões de pessoas e destas, aproximadamente 5 milhões são brasileiros.
Números da doença
Na Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), 6.502 pacientes já foram diagnosticados com psoríase desde o ano 2000, sendo 490 aendidos no ano de 2023 e 241 casos diagnosticados até o primeiro semestre de 2024. De acordo com a médica dermatologista da Fuham, Mônica Santos, a psoríase é uma doença de base genética, com participação do sistema imune.
“A gente fala que ela é uma doença genética, imunomediada e que alguns fatores externos podem desencadear a doença. Dentro desses fatores externos temos o estresse emocional, mas outras coisas, processos de doenças, como infecções podem desencadear o quadro de pacientes que tem a predisposição genética e uma vez desencadeado, vão aparecer as lesões típicas”, explica a dermatologista.
Preconceito também precisa de tratamento
A explicação da médica coincide com a história de Elenilda Gama (foto abaixo), que faz tratamento permanente da psoríase. Ela descobriu a doença há cerca de 26 anos, quando ficou grávida do primeiro filho e, em seguida, passou por um processo de separação conjugal. “Eu não tinha mais vontade pra nada. Para quem vivia uma vida ativa, tendo trabalho, dona-de-casa, aquilo me parou por completo. Eu não sabia o que era psoríase. Quando eu descobri o que era, realmente, passei a fazer o acompanhamento com o dermatologista e mudei completamente a minha vida”, declara Elenilda.
Tratamento e estado emocional
A psoríase é uma doença crônica, a qual o paciente deve acompanhar ao longo da vida. Com períodos de melhora e de piora, Mônica Santos alerta que o tratamento também muda dependendo da fase em que o paciente se encontra, por isso, a importância de visitar o médico regularmente.
“Tem período que a doença está mais calma, com menos lesões e tem períodos que ela pode piorar, então ao longo da vida acontecem situações, às vezes, um estresse muito grande, a perda de um familiar, desemprego, alguma coisa que mexa muito com o organismo e essa doença pode piorar. O que a gente orienta é que o paciente com psoríase, tem que ter um acompanhamento regular que pode ser toda semana, a cada três meses, a cada seis meses, vai depender do quadro clínico”, explica a dermatologista.
Sinais, sintomas e tratamento da psoríase
“São lesões grandes, elevadas, mais altas que a pele normal, vermelhas e que descamam. Pode ocorrer em qualquer parte da pele, mas é mais comum em joelhos, cotovelo, dorso da mão, dos pés, sendo que o couro cabeludo e as unhas também podem ser comprometidos; então o diagnóstico precisa de um atendimento dermatológico”, explica Mônica Santos.
O tratamento pode ser tópico, com uso de medicamentos em cremes e pomadas, aplicadas diretamente na pele; ou com uso de medicamentos sistêmicos, em comprimidos ou injeções, estes mais indicados para pacientes com psoríase grave ou com artrite psoriásica. O tipo de tratamento depende do quadro clínico do paciente.
A fototerapia também é uma modalidade de tratamento, normalmente utilizadas antes das medicações sistêmicas. Por isso, o paciente que tem um quadro de psoríase mais leve, pode ser tratado exclusivamente com a medicação tópica ou ter seu tratamento associando medicação tópica e fototerapia.
“A fototerapia é um tipo de tratamento que o paciente é exposto a radiação controlada, a emissão da luz; mas o paciente é submetido a toda uma avaliação prévia, e somente caso ele não responda a fototerapia e as medicações tópicas, é que ele vai seguindo no deadline, que é o tratamento oral e até o injetável”, complementa Mônica Santos.
Tratamento vai além dos medicamentos
Para os especialistas, o tratamento da psoríase deve ir além da medicação: é necessária uma mudança de estilo de vida, incluindo alimentação saudável, exercício físico e muitas vezes, acompanhamento psicológico.
Além da pele, couro cabeludo e unhas, dependendo do tipo de psoríase, pode haver acometimento das articulações, em um quadro chamado artrite psoriásica. Além disso, o paciente pode desenvolver outras comorbidades, o que exige atenção à saúde de um modo geral.
“Vale ressaltar que o paciente com psoríase tem uma chance maior de ter outras doenças metabólicas, em especial a diabetes, pressão alta, aumento do colesterol; é um paciente que precisa de um cuidado não só do dermatologista, mas um cuidado do clínico para controle de peso, controle dos exames, para manter ele bem como um todo”, destaca Mônica Santos.
Fuham disponibiliza todas as opções terapêuticas
“No Alfredo da Mata, a gente fala que o paciente tem um tratamento completo: atendimento com o dermatologista, nós dispomos das medicações tópicas, a fototerapia, o único serviço de fototerapia público aqui no Estado, temos as medicações disponíveis orais e as injetáveis, que são medicações consideradas de alto custo e que também é fornecida dentro do sistema único de saúde”, explica a médica da Fuham.
Como o tratamento deve ter um olhar especial às emoções do paciente, a unidade também oferta atendimento psicológico, como complemento fundamental ao sucesso desse acompanhamento.
“Nós também temos psicólogo que acompanha nossos pacientes, tanto de terapia individual quanto em grupo, então, a gente tem bastante suporte, né? O mais importante é a adesão para o paciente vir e fazer direitinho o que é recomendado, pois a doença tem tratamento, que isso melhora as lesões, melhorando a qualidade de vida”, reforça Mônica Santos.
Assista até o final

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