
O 28 de Agosto de 2024 vai ficar marcado na mente de centenas de servidores da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), que participaram da comemoração dos 69 anos de fundação da instituição. Foram momentos de emoção a profissionais antigos da instituição, jovens pesquisadores de iniciação científica e agradecimento em oração para os presentes no auditório Damião Litaiff, na sede da Fuham, no bairro Cachoeirinha, na manhã desta quarta-feira.
A programação começou com momento de oração e reflexão proporcionados pelo padre Charles Cunha e pelo pastor evangélico Sérgio de Oliveira. Os dois convidados relacionaram o trabalho realizado pelos profissionais da Fuham à figura de Cristo. “Vocês estão aqui promovendo o bem. Na ótica da fé, vcs estão aqui fazendo o que Jesus fez: curar pessoas”, disse padre Charles a um auditório completamente lotado. “Para o Senhor, o trabalho de vocês não é vão. É constante e abundante. Abundante é fazer um pouco mais do que lhes pedem”, disse o pastor Sérgio.
Homenagem
As homenagens a alguns servidores, entre eles os mais antigos da casa, inclusive aposentados, continuaram assim como foi na terça-feira, na Sessão Especial da Assembleia Legislativa, quando foram conferidos diplomas de agradecimento. Os que não puderam comparecer à solenidade da Aleam receberam o documento das mãos dos diretores da fundação.
Foram agraciados nesta quarta-feira: Dirce Mariane Lira de Serra, Janete Moraes, Joaquina da Costa, Lucília de Fátima Jardim, Maria do Socorro de Souza Cunha, Maria Salete Bahia Marques, Paulo Tadeu Cavalcante Saif e Valdeíza da Costa Passos.
Legado
Em sua fala aos presentes, o diretor-presidente da FUHAM, Carlos Chirano, compartilhou uma emocionante narrativa sobre os desafios enfrentados no passado pelos profissionais que atuaram no tratamento da hanseníase, no início do ainda “Dispensário Alfredo da Matta”. Ele destacou o papel crucial desempenhado por profissionais dedicados, que “arriscaram suas próprias vidas para cuidar dos pacientes em uma época sem tratamento disponível”. Apesar das dificuldades, Chirano ressaltou o progresso alcançado pela ciência, que hoje permite taxas de cura da doença em torno de 94%, em um ano de tratamento, na Fuham.
Sua fala evoca um sentimento de respeito e admiração por aqueles que construíram os alicerces do trabalho da Fuham. “Representar esta instituição é uma responsabilidade enorme. Que é zelar pelo legado que aqueles que nos antecederam deixaram. Hoje nós estamos aqui, mas pra chegarmos aqui, alguém construiu isso antes de nós. E assim, construímos uma época muito difícil, numa época em que não tinha tratamento, a hanseníase nãoo tinha tratamento, as pessoas arriscaram suas vidas, a vida de seus familiares, para se dedicar e zelar pelo outro”, afirmou Carlos Chirano.
Melhores do PAIC
A parte acadêmica da programação foi a premiação dos três melhores trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas do Programa de Apoio à Iniciação Científica (Paic/Fuham), turma 2023-2024.
Segundo o coordenador do Paic/Fuham, Jorge Ewerton Sales, a premiação é um reconhecimento importante para os jovens pesquisadores e foi resultado da avaliação cuidadosa de cada trabalho apresentado. “Ao longo de 12 meses, os 15 bolsistas e os dois voluntários desenvolveram os seus projetos científicos e no último dia 26 [de agosto] os trabalhos foram apresentados para uma banca composta pelos colegas que atuam em pesquisa aqui na Fundação, assim, foram avaliados os 17 projetos, as notas foram lançadas em um formulário eletrônico e com as notas computadas, foram classificados os três primeiros trabalhos que receberam essa premiação”, explica Jorge Ewerton.
Os trabalhos premiados foram: “Avaliação do uso de palmilhas para pacientes com diagnóstico de hanseníase ou em acompanhamento após alta atendidos na Fundação Hospitalar Alfredo da Matta”, do bolsista Carlos Gabriel da Silva Melo e orientação de Alexandra Costa (1º lugar); “Frequência das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) atendidas em uma instituição de referência em Manaus”, da bolsista Maria Julia Santos Magno e orientação de Antônio Schettini (2º lugar); e “Percepção, imagem corporal e autoestima na hanseníase em pacientes atendidos na Fuham, dor e autopreconceito”, da bolsista Letícia Marques Miguel e orientação de Carla Nazareth Jaime (3º lugar).
Participaram da banca a biomédica da Fuham, mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas e coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa da Fuham, Camila Gurgel dos Santos; a subgerente de análises clínicas da Fuham e doutoranda em Doenças Tropicais e Infecciosas, Cynthia de Oliveira Ferreira; a gerente do Laboratório de Leishmaniose da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, doutora em Doenças Tropicais e Infecciosas, Débora Raysa Sousa; a química bacterióloga parasitóloga da Universidad Autónoma de Nuevo León/México, doutoranda em Doenças Tropicais e Infecciosas, Susan Doria; e a bióloga, mestre em Doenças Tropicais e Infecciosas Izabele Guimarães.
Fim de um ciclo com muita felicidade
Surpreso com a premiação, o bolsista Carlos Gabriel, primeiro ligar no Prêmio, falou da experiência e do aprendizado que teve ao longo de um ano de muita dedicação. “Foi muito gratificante, eu tive pessoas incríveis do meu lado, a doutora Alexandra [orientadora] foi sensacional, aliás se não fosse por ela eu nem teria entendido como funciona uma pesquisa, ela me guiou em todos os caminhos e todas as arestas ela foi fechando junto comigo, ajudou muito; meus pais também me apoiaram e aqui também, toda equipe da GPI [Gerência de Prevenção de Incapacidades], foi uma coisa de equipe mesmo, funcionou, então esse prêmio não é meu, é nosso, estou muito feliz por isso”, disse emocionado.
Maria Júlia, responsável pelo trabalho que ficou na segunda colocação, disse que finalizava a passagem pela Fuham, como aluna de graduação do curso de medicina, com plena felicidade. “Eu não imaginei que eu ia estar entre esses três melhores projetos, né? Eu torcia para pelo menos um dos meus projetos ser aprovado. E aí, quando eu recebi esse prêmio, foi a mesma sensação de quando eu vi que tinha sido aprovado. Então, entrei feliz e saí feliz do projeto”, afirmou Maria Júlia.
A terceira colocada, bolsista Letícia Marques concorda com os colegas e garante que a experiência foi importante e proporcionou um grande aprendizado. “Recebi o certificado de premiação em terceiro lugar e foi uma experiência incrível participar do projeto porque eu aprendi muito, eu consegui evoluir muito tanto no meu conhecimento quanto na minha experiência na jornada acadêmica; é o que a instituição Alfredo da Matta faz pela gente é extremamente importante pros acadêmicos e pros pacientes que precisam de dados epidemiológicos para poder conseguir uma qualidade de tratamento melhor, então agradeço muito, estou muito feliz e isso aqui [prêmio] vai ficar guardado no meu coração e na minha memória como uma das experiências mais incríveis da minha vida”, comemorou Letícia.
Parabéns
No final da programação, o salão de entrada da Fuham ficou lotado de servidores para cantar os parabéns em volta do bolo, com a presença de servidores de todos os setores, inclusive os comissionados, terceirizados e estagiários