Evento reuniu representantes de diferentes esferas governamentais da saúde para discutir a situação da doença no Amazonas
Debater com a sociedade e organismos de controle social sobre a situação da hanseníase no Amazonas, apresentando dados epidemiológicos, resultado de dois anos de ações de saúde em 14 municípios do interior do Amazonas foi o objetivo principal do evento realizado na manhã da última quarta-feira (30) na sede da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham).
A apresentação do Relatório Consolidado do Projeto Apeli – Ação para Eliminação da Hanseníase 2021/2022 – reuniu representantes de órgãos como Secretaria de Estado de Saúde (SES), Secretaria Municipal de Saúde (Semsa Manaus), Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase/Amazonas (Mohan), Secretaria de Estado de Saúde (Seduc), dentre outros.
O evento contou ainda com a presença da Miss Brasil Mundo, a amazonense Letícia Frota, já que devido à parceria com o Mohan, as Misses brasileiras passam a ter como principal causa social a luta contra a hanseníase.
Segundo o diretor presidente da Fuham Ronaldo Amazonas, o Apeli privilegiou inicialmente 14 municípios que foram visitados pelas equipes do Alfredo da Matta.
“Priorizamos municípios que estavam classificados nos cenários 1 e 2, que são os considerados mais graves do ponto de vista epidemiológico”. A classificação a que o diretor presidente da Fuham se refere foi estipulado pelo Ministério da Saúde, que estabeleceu critérios de classificação dos municípios brasileiros em 4 cenários, sendo o cenário 1 o mais grave e o cenário 4 o de menor gravidade, em relação aos casos de hanseníase.
Autazes, que fez parte do projeto piloto Apeli em 2019; Careiro Castanho, Lábrea, Novo Aripuanã, São Gabriel da Cachoeira, Itacoatiara (em 2021); Caapiranga, Rio Preto da Eva, Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Iranduba, Maraã e Uarini (neste ano de 2022) foram os municípios visitados e cujos resultados foram apresentados no relatório. O resultado das ações de saúde nestes municípios foram 34.984 exames dermatológicos, sendo 19.470 exames em crianças de até 14 anos.
Foram também realizadas 5.186 consultas médicas dermatológicas, resultando no diagnóstico de 154 novos casos de hanseníase e inúmeras dermatoses.
“Para se ter uma ideia, em 2021 foram detectados em todo Amazonas 347 casos de hanseníase, e pelo Projeto Apeli, em apenas 14 municípios onde as ações foram intensificadas, em dois anos de ação, foram identificados 154 casos novos da doenças; imagine os números de casos novos se realizarmos uma ação do Apeli nos demais município amazonense?”, questiona Ronaldo Amazonas.
Para Pedro Borges, presidente do Mohan Amazonas, o Apeli tem mostrado sua relevância na política de combate à hanseníase. “No início, quando o projeto foi apresentado não tínhamos dimensão do que seria, agora estamos vendo como foi importante essa luta para toda a região amazônica e o que está sendo alcançado por este projeto; estamos vendo os resultados”, explica.
O secretário executivo adjunto de políticas de saúde da SES, Lindinaldo Santos, explicou o trabalho de cooperação do governo estadual. “O trabalho do Estado é continuar fortalecendo os trabalhos para detecção precoce da hanseníase, seu tratamento oportuno, evitando as sequelas da doença e principalmente capacitando os municípios, já que esta doença é detectada principalmente no eixo da atenção primária”, explica.