
O Grupo de Autocuidado da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham) reuniu seus participantes na manhã desta sexta-feira (17). O tema do mês, escolhido pelo próprio grupo, foi a questão do preconceito, discriminação e estigma na hanseníase. Com palestras da assistente social da Fuham Lídia Vale e da psicóloga Elisângela Dolzane, o tema foi abordado priorizando a fala de cada um que participou do encontro. “Trabalhei o tema estigma com eles, mas não trouxe aqui uma série de conceitos, mas sim fui abordando o tema a partir do que eles próprios foram falando sobre o estigma vivenciado”, explica a assistente social Lídia Vale.
Segundo o Ministério da Saúde, a palavra estigma tem origem grega e fazia referência a marcas corporais que uma pessoa apresentava. Assim, indicava a condição de alguém excluído dos círculos de convívio, levando à diminuição da pessoa aos olhos da sociedade e, possivelmente, aos dela própria. É representado por um conjunto de fatores, como crenças, medos e valores que podem causar prejuízos à saúde física, psicológica e social.
O estigma decorrente da hanseníase é um tema bastante frequente nas discussões sobre a doença e envolve diversos aspectos, alguns deles mais evidentes como a ideia que antes se tinha, de ser um “mal” incurável, e também as deformidades físicas que a doença não tratada pode causar.

Estigma e discriminação
A discriminação vivida, em decorrência do estigma que a pessoa com hanseníase pode carregar, promove exclusão social e consequências negativas, como dificuldades no convívio social (muitas vezes na própria família), sofrimento psíquico e até sua exclusão econômica. Para a psicóloga clínica Elisângela Dolzane, palestrante convidada, o tema é bastante complexo e para discuti-lo são necessárias outras importantes abordagens. “Pra gente trabalhar sobre esse tema, temos que falar sobre autoestima, autoconfiança, autoamor; as percepções que temos sobre nós mesmos; é preciso desenvolver a compreensão de que você não é um diagnóstico, você é muito mais do que isso, o trabalho é representar quem você é, quais são suas características, suas potencialidades, suas qualidades, trabalhar a questão de você se reconhecer enquanto ser humano”, explica.
Elisângela destaca ainda que o acolhimento gerado pelo grupo de autocuidado, como o da Fuham é muito importante e o trabalho em formato de roda de conversa facilita o processo, pois faz com que os participantes se identifiquem com os seus pares, vejam que não estão sozinhos.
“Eu posso falar pra você sobre as minhas dores, algo que eu esteja passando e você, dentro da sua vivência, vai tentar compreender, e quando nós temos a mesma vivência, nós sabemos a mesma dor, a gente se reconhece e se fortalece, a gente se apoia, podemos ressignificar muitas coisas a partir da história de vida do outro, por isso os grupos são tão importantes”, destaca a psicóloga.
A reunião foi finalizada com mensagens positivas, lembrando a todos que o Grupo de Autocuidado no Alfredo da Matta está de portas abertas, tendo o acolhimento como característica principal. “Não somos o que nos acontece, somos aquilo que nós fazemos com o que nos acontece, então ali temos pessoas que estão há trinta anos passando por essa situação, ainda há uns que sofrem, outros que conseguiram superar, ver a vida de outra forma, então, é uma luz no fim do túnel, é um momento de acolhimento”, finaliza Elisângela.
Texto e Fotos: Simone Carol